Diário de um Detento - Racionais MC's

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A mina era virgem, ainda era menor
Agora faz chupeta em troca de pó"
Esses papo me incomoda
Se eu tô na rua é foda...
"É, o muda roda, ele pode vir pra cá..."
Não, já, já, meu processo tá aí
Eu quero mudar, eu quero sair
Se eu trombo esse fulano... não tem pá, não tem pum, vou ter que assinar o 121
Amanheceu com sol, dois de outubro
Tudo funcionando, limpeza jumbo
De madrugada eu senti um calafrio
Não era do vento, não era do frio
Acerto de conta tem quase todo dia
Ia Ter outro logo mais, eu sabia
Lealdade é o que todo preso tenta
Conseguir, a paz, de forma violenta
Se um salafrário sacanear alguém
Leva ponto na cara igual Frankstein
Fumaça na janela, tem fogo na cela
Fudeu, foi além,... se pã, tem refém
Na maioria, se deixou envolver
Por uns cinco ou seis que não tem nada a perder
Dois ladrões considerados começaram a discutir
Mas não imaginavam o que estaria por vir
Traficantes, homicidas, estelionatários
Uma maioria de moleque primário
Era a brecha que o sistema queria
Avise o IML, chegou o grande dia
Dependo do sim ou não de um só homem
Que prefere ser neutro pelo telefone
Ratatatá caviar e champanhe
Fleury foi almoçar que se foda minha mãe
Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo...
Quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio
O ser humano é descartável no Brasil
Com módes usado ou Bombril
Cadeia? Claro que o sistema não quis
Esconde o que a novela não diz
Ratatatá, sangue jorra como água
Do ouvido, da boca e nariz
O Senhor é meu pastor... perdoe o que seu filho fez
Morreu de bruços no Salmo 23
Sem padre, sem repórter, sem arma, sem socorro
Vai pegar HIV na boca do cachorro
Cadáveres no poço, no pátio interno
Adolph Hitler sorri no inferno
O Robocop do governo é frio, não sente pena
Só ódio e ri como a hiena
Ratatatá, Fleury e sua gangue
Vão nadar numa piscina de sangue
Mas quem vai acreditar no meu depoimento?
Dia três de outubro, diário de um detentoLyrics provided by TANCODEhttp://lyricsever.com/" readonly=""/>

Diário de um Detento Lyrics

Aqui estou, mais um dia
Sob olhar sanguinário do vigia
Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK
Metralhadora alemã ou de Israel
Estraçalha ladrão que nem papel
Na muralha em pé
Mais um cidadão José
Servindo o Estado, um PM bom
Passa fome, metido a Charles Bronson
Ele sabe o que eu desejo, sabe o que eu penso
O dia tá chuvoso, o clima tá tenso
Vários tentaram fugir, eu também quero
Mas de um a cem, a minha chance é zero
Será que Deus ouviu minha oração?
Será que o juiz aceitou minha apelação?
Manda um recado lá pro meu irmão:
Se tiver usando droga tá ruim na minha mão
Ele ainda tá com aquela mina?
Pode crê, o moleque é gente fina
Tirei um dia a menos ou um dia a mais
Sei lá, tanto faz, os dias são iguais
Acendo um cigarro vejo o dia passar
Mato o tempo pra ele não me matar
Homem é homem, mulher é mulher, estrupador é diferente, né?
Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés
E sangra até morrer na rua 10
Cada detento uma mãe, uma crença
Cada crime uma sentença
Cada sentença um motivo, uma história de lágrima, sangue, vidas e glórias
Abandono, miséria, ódio, sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo
Misture bem essa química, pronto: fiz um novo detento
Lamentos no corredor, na cela, no pátio, ao redor do campo, em todos os cantos
Mas eu conheço o sistema, meu irmão, aqui não tem santo
Ratatatá, preciso evitar que um safado faça minha mãe chorar
Minha palavra de hora me protege
Pra viver no país das calças bege
Tic-tac, ainda é nove e quarenta
O relógio na cadeia anda em câmera lenta
Ratatatá, mais um metrô vai passar
Com gente de bem, apressada, católica
Lendo jornal, satisfeita, hipócrita
Com raiva por dentro, a caminho do centro
Olhando pra cá, curiosos é lógico
Não, não é não. Não é o zoológico
Minha vida não tanto valor
Quanto seu celular, seu computador
Hoje, tá difícil, não sai o sol
Não tem visita, não tem futebol
Alguns companheiros tem a mente mais fraca
Não suporta o tédio, arruma quiaca
Graça a Deus e á Virgem Maria
Faltam só um ano, três meses e uns dias
Tem uma cela lá em cima fechada desde Terça-feira
Ninguém abra pra nada
Só o cheiro de morte pinho sol
Um preso se enforcou com o lençol
Qual que foi? Quem sabe? Não conta
Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta
Nada deixe um homem mais doente
Do que o abandono dos parentes
Aí moleque, me diz então? Cê que o quê?
A vaga tá lá esperando você
Pega todos os seus artigos importados
Seu Currriculum no crime e limpa o rabo
A vida bandida é sem futuro
A sua cara fica branca desse lado do muro
Já ouviu falar de Lúcifer que veio do inferno com moral um dia?
No Carandiru não, ele é só mais um comendo rango azedo com pneumonia
Aqui tem mano de Osasoco, do Jardim D'Abril
Parelheiros, Moji, Jardim Brasil
Bela Vista, Jardim ngela, Heliópolis
Itapevi, Paraisópolis
Ladrão sangue bom, tem moral na quebrada
Mas pro Estado, é só mais um número, mais nada
Nove Pavilhões, sete mil homens que custam trezentos reais por mês cada
Na última visita, neguinho veio aí
Trouxe umas frutas, Marlboro, Free
Ligou que um pilantra lá da área voltou
Com Kadett vermelho, placa de Salvador
Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa
Com uma 9 milímetros debaixo da blusa
Aí, neguinho vem cá, e os manos onde é que tá?
Lembra desse cururu que tentou me matar?
"Aquele puto é ganso, pilantra corno manso
Ficava muito louco e deixava a mina só
A mina era virgem, ainda era menor
Agora faz chupeta em troca de pó"
Esses papo me incomoda
Se eu tô na rua é foda...
"É, o muda roda, ele pode vir pra cá..."
Não, já, já, meu processo tá aí
Eu quero mudar, eu quero sair
Se eu trombo esse fulano... não tem pá, não tem pum, vou ter que assinar o 121
Amanheceu com sol, dois de outubro
Tudo funcionando, limpeza jumbo
De madrugada eu senti um calafrio
Não era do vento, não era do frio
Acerto de conta tem quase todo dia
Ia Ter outro logo mais, eu sabia
Lealdade é o que todo preso tenta
Conseguir, a paz, de forma violenta
Se um salafrário sacanear alguém
Leva ponto na cara igual Frankstein
Fumaça na janela, tem fogo na cela
Fudeu, foi além,... se pã, tem refém
Na maioria, se deixou envolver
Por uns cinco ou seis que não tem nada a perder
Dois ladrões considerados começaram a discutir
Mas não imaginavam o que estaria por vir
Traficantes, homicidas, estelionatários
Uma maioria de moleque primário
Era a brecha que o sistema queria
Avise o IML, chegou o grande dia
Dependo do sim ou não de um só homem
Que prefere ser neutro pelo telefone
Ratatatá caviar e champanhe
Fleury foi almoçar que se foda minha mãe
Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo...
Quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio
O ser humano é descartável no Brasil
Com módes usado ou Bombril
Cadeia? Claro que o sistema não quis
Esconde o que a novela não diz
Ratatatá, sangue jorra como água
Do ouvido, da boca e nariz
O Senhor é meu pastor... perdoe o que seu filho fez
Morreu de bruços no Salmo 23
Sem padre, sem repórter, sem arma, sem socorro
Vai pegar HIV na boca do cachorro
Cadáveres no poço, no pátio interno
Adolph Hitler sorri no inferno
O Robocop do governo é frio, não sente pena
Só ódio e ri como a hiena
Ratatatá, Fleury e sua gangue
Vão nadar numa piscina de sangue
Mas quem vai acreditar no meu depoimento?
Dia três de outubro, diário de um detento

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Racionais MC's is a hip hop group based in São Paulo, Brazil. Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira), Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador), Edy Rock (Edvaldo Pereira Alves) and DJ KL Jay (Kleber Geraldo Lelis Simões) formed the group in 1988. Each member hails from the ring of favelas (slums) around São Paulo locally called the periferia. Their lyrics combine themes of social justice with gangster imagery, a far cry from the idyllic breeziness typically associated with Brazilian music.

Racionias MC's first appeared on the Zimbabwe label compilation Consciência Black (Black Conscience) in 1988. Their songs "Pânico na Zona Sul" ("Panic on the Southside") and "Tempos Difíceis" ("Hard Times") offer a snapshot of favela life with lyrics vividly depicting rampant police brutality, racism, poverty, and crime. The group released their first album, 'Holocausto Urbano' ('Urban Holocaust') in 1990. The EP included the two songs from Consiência Black along with three new tracks dealing with themes of loose women and institutionalized racism. The group played several shows around the city and state of São Paulo over the next two years, including two shows at the FEBEM (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) juvenile detention center and a special show with Public Enemy at the Ginásio do Ibirapuera.

Racionias MC's gained national attention with their participation in the Ministry of Education's ARAPensado e Educação (loosely translated as "The Rap Thinking and Education) program in 1992. The program included lectures and discussions in schools on a variety of issues affecting favela inhabitants, including drugs, police violence, poverty, and racism. These forums had the dual effect of expanding awareness of Racionas MC's agenda along with their fan base, as residents the favelas in cities across Brazil could relate to the Paulista rap group's experience. That year the group released their second album, 'Escolha o Seu Caminho' ('Choose Your Path'), with the notable tracks "Voz Ativa" ("Active Voice") and "Negro Limitado" ("Limited Black"). Following its release the group headlined the Rap no Vale show at Vale do Anhangabaú in São Paulo.

In 1993 the group saw their notoriety continue to increase. They participated in the National Theatre's Música Negra em Ação (Black Music in Action) project alongside Thaíde e DJ Hum, another prominent São Paulo Hip Hop act. Their philanthropic activities continued as they played several benefit shows for health clinics, youth sports programs, and samba schools. The year also saw the release of their first full length LP 'Raio X Brasil' ('X Ray Brazil'). The album includes several standout tracks including "Fim de Semana no Parque" ("Weekend in the Park"), a lyrical sketch of lowlifes in São Paulo; "Mano na Porta do Bar" ("Bar Doorman"), a skillful remix of Curtis Mayfield's "Freddie's Dead"; and the unexpected harmonica and piano jam "Fio da Navalha" ("Razor Wire"). Mano Brown won the Prêmio Sharp award for "O Homem na Estrada" ("The Highwayman"), one of the album's other notable tracks. A 1994 show at the Vale do Anhangabaú in support of the album ended in a riot when police raided the show and arrested the group. The group was charged with inciting violence.

Legal problems following the 1994 Vale do Anhangabaú show delayed the release of Racionais MC's third album. This led them to leave Zimbabwe and start their own label, Cosa Nostra. 'Sobrevivendo no Inferno' ('Surviving in Hell'), appeared in 1997 and sold 500,000 copies. "Diário de um Detento" ("Diary of an Inmate") and "Mágico de Oz" ("Wizard of Oz") won them awards for Best Rap Group and Audience's Choice at the 1998 MTV Brasil Video Music Awards. Read more on Last.fm. User-contributed text is available under the Creative Commons By-SA License; additional terms may apply.

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